quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

José Alberte Corral

1


Dobrei a folha branca
para escrever com argila
a palavra roubada polos
que nada sabem
da luz azul nem do cair da auga
no recolhido abanqueiro.
Só tenhem ouvidos cheios
do tintinar do ouro enchoupado
no sangue dos humildes.
Fósseis caveiras brancas arrumadas na beira do silêncio.


2 - Epitáfio

Que escuridade ao claror do dia!
que silencio de tambores!,
é a vossa ausência
Procuro-vos na palavra fugidia.

3

Labareda que escanças em mim
nozes e mel
para contigo arder noites inteiras
e... esquecer toda dor. Ser em ti sempre, na tua rosa púrpura,
espaço minúsculo
onde a rosa dos ventos
sempre marca o sete-estrelo


(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)
José Alberte Corral (A Corunha, 1946. Galiza)
Criou-se na bairro de Monte Alto, na Corunha, jogando entre casas de um andar e ruas alegres e luminosas. Logo, saiu trabalhar e deu en Venezuela. Participou na fundação da Agrupaçom Cultural o Facho e militou em organizações clandestinas contra o franquismo, até fugir para o Chile de Allende, Argentina e Venezuela.
Publicou Del amor y la memoria, poesia em castelá (1ª ed.: Ateneo de los Teques-Venezuela; 2ª ed.: Emboscall-Vic) e colaborou com diversos ensaios em distintas revistas de pensamento político em Venezuela. Logo de retormar á Galiza publicou as seguintes obras: Palabra e Memória, poesia (AGAL, Galiza), Acarom da Brêtema, poesia (AGAL, Galiza), Do lusco-fusco, relatos (Baía Ediçons, Galiza), Detrás da palavra, poesia (AGAL, Galiza), Buracos no espelho, relatos (AGAL, Galiza), O livro de barro, poesia (ToxosOutos, Galiza) e Janela aberta (AGAL, Galiza).

Sem comentários:

Enviar um comentário