quinta-feira, 14 de maio de 2015

Janela Aberta, umha abertura para o ar e para a luz

Janela Aberta, umha abertura para o ar e para a luz


Era sabedora do talento criador de J. Alberte Corral como poeta mas agora descubro-o como criador de estórias. A sua escrita conta de jeito ardente e à vez melancólico a realidade múltipla dos homens e mulheres que habitam nos seus relatos onde ficçom e história estám entreverados para constituir um universo cheio de humanidade.
Porém, muitas vezes essa realidade é distorcida para nos conduzir a espaços oníricos ou mágicos nos que ecoa a mitologia galega. Na descontraída escrita das estórias de Janela Aberta o ser humano é a sua raizame. Som narraçons embebidas da experiência e da observaçom que possuem umha olhada onde o sonho e  a realidade se vencelham numha inventiva memória que se destorce polos territórios do humor e a ternura.
Além de umha grande sinceridade na sua escrita, percebe‑se que Corral Iglesias conhece bem os universos da sua narrativa, suas imagens som nuvens de galáxias mas que estrelas, graças a sua pluridimensionalidade, venhem sendo parte essencial do próprio mirar e pensar do escritor.
A psicologia das personagens, evoluindo e fazendo-se notar, dam-nos a ideia de onde e porquê se produz a estória. Como observador atento sabe das circunstancias com as que nos toca coabitar, em muitos dos textos agromam imagens da dureza na que se desenvolve a vida dos humildes.

Sem nunca abdicar da ficçom, percebe-se na narrativa de Janela Aberta umha realidade recriada como imaginário dos protagonistas. Existências nas que o autor se afunde, mergulhando-se nas constantes essenciais do homem: dignidade, esperança, tristura, valor... húmus sustentador das personagens que agem nos relatos.
Vivem, habitam em situaçons às vezes duras, às vezes prenhadas de senhardade ou misturadas ambas; construindo-se assim uns textos prenhados de humanidade, nos quais a certeza pungente do cotiám nom sonega a irmandade imprescindível e necessária para a emancipaçom dos párias da Terra.
Se o único crime de todo autor é a mediocridade, nada da mesma, podemos afirmar sem nos trabucar, existe no dizer de Corral Iglesias.
(Publicado em Elipse núm. 2, fevereiro de 2014)
Carme Terrafeito Aenlhe

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